Estórias de uma cultura subterrânea



por Marcos Rodrigues

1984. O ano emblemático de George Orwell também o foi para um monte de garotos em Salvador: aqueles que assistiam a aproximação da idade adulta, mas não viam muita perspectiva de dias melhores numa cidade que virou caricatura de si mesmo. Por essa época, uma enigmática caixa postal num anúncio de classificados da extinta revista Somtrês dava a senha: Círculo do Rock. Segui o coelho branco.

Uma nervosa troca de cartas e, então, um volumoso catálogo em xerox abre as portas dos bootlegs alternativos. Hardcore finlandês, punk rock baiano, ska londrino. Bauhaus ao vivo em Eindhoven, Sex Gang Children no Royal Albert Hall e Camisa de Vênus no Forte de Santo Antônio. Mais cartas, mais selos e mais k7s em ferro e cromo. Até que um dia, um timbre de locutor de rádio surge do outro lado da linha telefônica. Era Ednilson Sacramento, o cara da misteriosa caixa postal.

A voz grave e pausada escondia uma figura fisicamente frágil e de temperamento zen budista. E ele trouxe mais senhas: um boteco chamado Moto Lanches encravado entre a Lapa e a Barroquinha. E o álbum 'Tente Mudar o Amanhã' da banda paulista Cólera, que nos chegava em primeira mão.

Esse cara, Ednilson, sempre foi uma das figuras mais importantes da cíclica 'cena baiana' de rock. Co-editor do célebre fanzine Espunk, junto com Williams Martins (Dever de Classe), esteve nos bastidores de quase tudo que valeu à pena no subterrâneo rock de Salvador. Produzindo, escrevendo, conspirando. No underground do underground: o punk rock soteropolitano. Aquele que passava pelos gigs ao lado das linhas de trem do subúrbio e pelas decadentes salas de espetáculos da cidade. Teatro das Oliveiras, Teatro Solar Boa Vista, Cine Roma, Vila Velha.

Em 1996, com a internet nascente e a estética da MTV já dando as cartas, Ednilson volta à ativa, muito à frente do tempo. Inventa o originalíssimo Telefanzine, aproveitando os serviços de outra caixa postal, desta vez via telefone, e ajuda a alimentar uma nova geração com informações e uma espécie de tribuna livre, já prefigurando o que viriam a ser os blogs de hoje, com seus comentários.

Em meio a toda agitação, Ednilson foi guardando material, coletando informação e fazendo algumas entrevistas. Personagem privilegiado da história recente do rock feito na Bahia, nos brindou com esse registro. Rock Baiano, História de Uma Cultura Subterrânea é o painel de quatro décadas do que se andou fazendo no lado mais alternativo desses trópicos, com especial ênfase à segunda metade dos anos 80, onde rock chegou a ser a maneira de viver de boa parte da cidade.

Pronto e editorado, 'na unha', há cerca de 10 anos, o livro esperou todo esse tempo para vir à luz. Não perdeu, no entanto, sua atualidade. Faz o registro oportuno de uma época e ajuda a preencher as lacunas dessa história de altos e baixos que o rock na Bahia.

No formato impresso foi lançado tal como foi concebido à época. Nessa versão eletrônica, passa por um desmembramento em cinco volumes e uma nova editoração para facilitar a leitura em tela. As poucas imagens da obra também só estão disponíveis no livro físico. O conteúdo em texto, no entanto, segue na íntegra e espero que essa sobrevida digital de Rock Baiano, História de Uma Cultura Subterrânea permita que se mantenha a atenção ao trabalho de Ednilson e que ele continue a iluminar novas cabeças.

Divórcio !!





Era uma vez o rock&roll!!

Socorro...diziam as mães das donzelas, vendo um branco de voz e ginga negra tomar de assalto os rádios das salas e ironicamente cantando "That´s allright mama". Os quadris começavam a se mexer, chamando todos para a putaria.
Pano rápido!!

Passadas 4 décadas, rockeiro não dança mais!!
Por que?
Onde aconteceu o divórcio?
Quem tá pagando a pensão alimentícia?
Quem foi o gênio que concluiu que música pra dançar é música idiota, sem conteúdo, e não tem atitude ( oh palavrinha que tá ficando maldita) ?

Esse blog aceita sugestões!!

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Fonte: CreativeCommons