por Cláudio Moreira
Se existe um gênero musical injustiçado é o hard rock. Desde meados dos anos 70, dezenas de bandas adaptaram as várias matizes desse tipo de som ao padrão 'xaropado' das rádios FMs americanas. Do Boston, passando pelo BTO, Journey, Bon Jovi, Heart, Europe, Rainbow (fase John Lynn Turner), Aerosmith (depois de Rock in a Hard Place), Sammy Hagar, Whitesnake (fase pós Slide it in) e Def Leppard (depois do High 'n' Dry), Van Halen (pós Diver Down) ao Ratt, foram anos de mediocridade estética típica do rock de arena, que aborreceram os verdadeiros fãs de grandes bandas de hard rock, como Cactus, Mountain, Humble Pie, Deep Purple (com exceção da fase 'The House of Blue Life' e 'Slavers and Masters'), Gov't Mule, Bad Company (anos 70/80), Black Crows, Wishbone Ash, Black Oak Arkansas, Gillan, Thin Lizzy, Wild Horses, Led Zeppelin, AC/DC, Rosie Tatoo, Beck Bogart & Appice, Free, West Bruce & Laing, Grand Funk Railroad, Lynyrd Skynyrd, Blackfoot e tantas outras. Quem quiser conhecer um trabalho de uma veterana banda inglesa do gênero pode comprar a edição nacional do 'You are Here', último trabalho do reformado UFO. A banda é considerada um 'Rolls Royce' do hard rock, pois elevou à estado de arte o conceito de tocar rock pesado e direto de forma sofisticada, com belas melodias e arranjos bem elaborados, sem soar acessível para ouvidos não roqueiros.
O UFO fez parte de uma fase heróica do rock. Formado na capital inglesa na virada dos 60 para 70, o grupo foi batizado com um nome tirado de um bar underground da cidade. O líder, vocalista e letrista Phill Moog e o baixista Pete Way (juntamente com Phil Lynott do Thin Lizzy, duas das maiores influências musical e de performance de palco para Steve Harris do Iron Maiden) sempre formaram o eixo criativo da sofisticação musical da banda, integrada ainda pelo Andy Parker (bateria) e pelo guitarrista Mick Bolton.
No início, batalharam muito o circuito de bares ingleses até chamarem a atenção da gravadora Chrysallis. Depois de dois trabalhos de estúdio e outro ao vivo, lançado apenas no Japão, o UFO trocou de guitarrista. Com a entrada do alemão Michael Schenker (oriundo do Scorpions do irmão Rudolph), acertam a mão com o 'Phenomenon' de 75. Daí até 78, foram lançados álbuns antológicos, como: 'Force it'; 'No Heavy Petting'; 'Lights out' e 'Obssession'. Nesse período, o grupo contou com sua melhor formação e viveu sua fase áurea. Os rapazes caíram no gosto da garotada cabeluda e fizeram shows incendiários pela Europa ocidental, Eua, Canadá e Japão. Em 77, o time recebeu o reforço do tecladista e guitarrista base Paul Raymond. Schenker pulou fora para fundar o Michael Schenker Group (essa é uma outra história). Felizmente, o grupo registrou alguns shows da tour americana de 78 para lançar, no ano seguinte, um dos melhores álbuns duplos da história do rock: 'Strangers in the night'. Item obrigatório para qualquer roqueiro que se preze, pois é lá que se pode constatar a energia do UFO no palco e, principalmente, toda maestria da Gibson Flying V de Micheal Schenker. O guitar hero alemão emana em todas faixas faíscas nervosas de feeling e técnica combinados na medida certa. Com a entrada do guitarrista Paul Chapman, o UFO manteve o pique com os álbuns 'No place to run', 'The Wild, The Willing and The Innocent', 'Mechanix' e 'Making contact'. Em 81, Paul Raymond tinha saído para dar lugar a Neil Carter. Depois da tour do último álbum, o grupo encerra suas atividades depois de 15 anos dedicados ao rock ' n' roll.
Recomeço
O irriquieto Phill Moog conseguiu, em 85, fazer uma super reunião de ex-membros da banda sob a alcunha de Misdemeanor. A volta da UFO se daria mesmo em 93, com Schenker, Way, Moog, Raymond e Parker, para um gravar o cd 'Walk on water' e uma tour. Mas, Schenker ficou e eles gravaram mais dois cds de estúdio 'Convenant e Sharks - e caíram na estrada novamente. Schenker resolveu pular fora de vez e a formação do UFO se restabeleceu com a entrada do guitarrista norte-americano Vinnie Morre e do baterista Jason Bonham (filho dele mesmo, vocês sabem!).
Esses mestres do hard rock nos presentearam este ano com o cd 'You are here', uma seleção de rocks pesados com letras espertas e sonoridade madura. O cd é todo bom, mas tem alguns destaques. Em 'When daylight goes to town', Phil Moog mostra a velha competência vocal e Vinnie Moore (da escola de virtuoses) mostra que se adaptou bem ao estilo da banda numa canção com aquele som de 'calvagada' tão imitado pelas bandas de heavy metal dos anos 80, marca registrada do UFO. A porrada prossegue com 'Black Cold Coffe' com seu riff de guitarra matador. 'Give it up' soa refinada com um solo emocionante de Vinnie Moore. O talento dos caras nos conduz ainda a 'Sympathy' com seu andamento mais lento de balada hard, mas que passa longe de qualquer 'farofada'. O quinteto impressiona ainda em 'Jello Man' e 'Swallow', faixas de quem sabe o que faz e tem muito a dizer. Na bateria, Jason Bonham não chega a se destacar, mas não compromete. Pete Way mostra sua tradicional habilidade no baixo enquanto Paul Raymond mostra-se um competente tecladista. É isso, o UFO está aqui de novo na Terra e merece pousar no seu cd player.
Esses mestres do hard rock nos presentearam este ano com o cd 'You are here', uma seleção de rocks pesados com letras espertas e sonoridade madura. O cd é todo bom, mas tem alguns destaques. Em 'When daylight goes to town', Phil Moog mostra a velha competência vocal e Vinnie Moore (da escola de virtuoses) mostra que se adaptou bem ao estilo da banda numa canção com aquele som de 'calvagada' tão imitado pelas bandas de heavy metal dos anos 80, marca registrada do UFO. A porrada prossegue com 'Black Cold Coffe' com seu riff de guitarra matador. 'Give it up' soa refinada com um solo emocionante de Vinnie Moore. O talento dos caras nos conduz ainda a 'Sympathy' com seu andamento mais lento de balada hard, mas que passa longe de qualquer 'farofada'. O quinteto impressiona ainda em 'Jello Man' e 'Swallow', faixas de quem sabe o que faz e tem muito a dizer. Na bateria, Jason Bonham não chega a se destacar, mas não compromete. Pete Way mostra sua tradicional habilidade no baixo enquanto Paul Raymond mostra-se um competente tecladista. É isso, o UFO está aqui de novo na Terra e merece pousar no seu cd player.