Existe vida depois do Calipso !!


Você já foi no Calipso. Isso não foi uma pergunta, eu sei que você já foi. Nesse momento você deve estar tentando lembrar alguns fatos que aconteceram lá, bandas que viu tocar, alguém que você conheceu no caminho do banheiro (caminho este que passava pelo meio do “palco”) coisas assim.

Por falar nisso, por que o banheiro era tão frequentado? Ahh, libera!!

Se as lembranças vierem em forma de imagens e canções, gargalhadas e sorrisos, tenho uma má notícia pra você: ou tu errou de bar ou não entrou no clima. Lembranças do Kolapso ( seu apelido “carinhoso”) devem ser uma salada de sensações sem uma sequência lógica, variando do obscuro ao alucinado, sempre acompanhado de um calorão caatinguento. Eu estou tocando no assunto porque o rock no red river achou dois novos espaços que podem ser classificados com anti-calipsianos, um em parte e um outro na sua totalidade. O interessante é que eles estão praticamente na mesma rua. Logo na esquina, em frente ao Colégio Manoel Devoto, fica a Rock sandwich, que guarda ainda um pouco do clima da casa de Lourdes e Jean, pois o lugar não foi pensado pra ser local de shows e agora todo sábado no fim da tarde a raça ruim do rock se reune por lá. Pode acreditar, rock em horário civilizado( e mais real devido ao sistema de transporte de Salvador), essa é a principal diferença em relação ao Calipso, que tinha como característica seu horário tipo corujão, chegando a criar uma expressão, “horário calipso”, usada pra tudo que começava muito tarde. Sábado tem Berlinda ( saindo da toca,...ou entrando quem sabe?) e Koyotes. Lá já passaram algumas bandas, com destaque para o retorno da formação básica da Theatro de Séraphin, após exílio voluntário de seu baixista Marcos Rodrigues. Já tem mais coisas engatilhadas pra lá, entre elas, a volta depois de quase 2 anos da “Soul Sessions”, festa que já mexeu a cintura de muita gente no saudoso Miss Modular, tocando pra dançar os petiscos mais finos da Black music de qualquer tempo. Ainda por cima a cerveja tá sempre gelada e os sandubas são nota 10.

Andando menos de 100 metros na mesma rua, atrás da cruz iluminada, temos a Café Teatro Sitorne, casa de espetáculos que faz parte da escola que leva o mesmo nome e que aos domingos no ínicio da noite já é parada obrigatória para os rockers da cidade. Capitaneada por Tereza Costa Lima, com auxílio luxuoso de seu marido, o guitarrista e cantor Paulinho Oliveira, o local é disparado o que dá melhores condições para o músico em todos os níveis. Palco, som, iluminação, camarins, ar condicionado a serviço de quem realmente quiser fazer um show profissional e sério, sabendo que estará lidando com pessoas que entendem de arte, mas sabem o custo de faze-lá com qualidade. As coisas acontecem de uma forma diferente inclusive para o público, que tem sempre um bom som, um palco de verdade, sem necessidade de malabarismos para ver quem está tocando e ar-condicionado funcionando, o que leva uma parte do dele a ter que mudar um pouco seu comportamento, pois os fumantes tem que matar a fissura do lado de fora, já que no espaço onde ocorrem os espetáculos, cigarro não rola. Seria bom que a casa servisse de exemplo para outras pessoas.

Assim o Rio Vermelho se reinventa, só falta a cena rockeira passar a colocar a “rua do devoto” ( com é conhecida nas vizinhanças) no roteiro definitivamente.