Gramsci, Trostky e o jogo dos sete erros
Não gosto de ficar falando dessa política pequena aqui no Clash City Rockers. Não deu, no entanto, para escapar as discussões que surgiram no bojo das ações da Secretaria de Cultura do Estado da Bahia, sobretudo no que diz respeito aos polêmicos editais, que este ano propiciaram a participação de algumas bandas do rock local na folia momesca, tocando em cima de trios elétricos.
Digo de antemão que discordo completamente das políticas de editais da Secretaria. Sendo muito suscinto - e sem entrar em outros poréns - só enxergando estratégias de aparelhamento para conseguir entender como quem faz "arte" visando lucro; querendo se tornar um pop star ou se esforçando para ser um best seller deva - e possa (!) - ser subvencionado por verbas públicas. Esses recursos, no máximo, deveriam ser repassados para aquelas atividades destituídas de competitividade e sem fins lucrativos. Existem muitas.
Não vem aqui o caso das ações desse governo serem melhores ou menos piores do que as do anterior. Não é o caso. Nem estou entrando no mérito da qualidade/pertinência "artistica" dos que submetem projetos aos editais do governo. Tem também vários outros aspectos nesse imbróglio, como os levantados por Osvaldo Jr no blog Rock Loco sobre a (im)pertinência de bandas de rock no carnaval, que eu concordo inteiramente, mas que não vou me alongar aqui. Só a título de ilustração, participei como convidado com a Theatro de Séraphin daquela Festa de Iemanjá/Carnaval de 2008 e posso atestar o que Osvaldo fala, mesmo com o palco estando fora dos circuitos e dos formatos tradicionais.
Coloquei esse post porque queria deixar registrado que o que eu acho lamentável mesmo dessas pequenas explosões de discussão pelas listas e blogs soteropolitanos é a superficialidade. Qualquer tentativa de se teorizar o que está por trás de movimentos politicos, sejam ações de cunho cultural, ou de de qualquer outro tipo, soa logo como esnobismo ou implicância de quem discorda da maioria.
Não é a primeira vez, mas talvez seja a última, que me vejo tentando colocar em pauta pontos para além das ações bem intencionadas do governo da hora. Sei que leituras atentas estão fora de moda nos tempos que correm e ai tudo fica como dizia Goethe; "quando a gente não sabe o que fazer, uma palavra é como uma tábua para o náufrago”. Tudo por aqui é muito pequeno, mal informado, mal escrito, inculto, medíocre.
Para quem conhece a militância trotskista do Sr. Paulo Henrique, o teórico da Secretaria de Cultura por trás das ações do Sr. Marcio Meirelles, vê claramente a essência das estratégias colocadas em curso. E olhe que não é nada muito além de Gramsci e Trotsky "for dummies". Apontar esses aspectos, no entanto, não gera inquietação intelectual (no bom sentido), mas, sim, incômodos com a "a brasa da minha sardinha".
O governo atual, sobretudo a Secretaria de Cultura, esta repleta de GRS (gente do rock e simpatizantes - ou suspeitos). Eles estão lá, espalhados pelas repartições refrigeradas, em assessorias de imprensa, em cargos executivos, em conselhos ou nos diversos júris que aprovam e desaprovam verbas nos famosos editais. São nosso amigos e conhecidos e os encontramos pelos bares da cidade, mas muitos não sabem nem mesmo a que propósito estão servindo, a não ser ao imediatismo do bolso e talvez da sobrevivência (o que poderia ser um lado nobre do torpor). Ao contrário dos foguedos soltos à exaustão, no entanto - lembram do cineasta que diz estarmos "surfando uma buoníssima onda"? -, esse aparelhamento (http://en.wikipedia.org/wiki/Entryism) do Estado não faz bem à cena local.
Mas, enfim. E só um post desiludido. Não, não é com o governo.