Anos 80...boas coisas!!

A 24 anos atrás, em 1983, um disco era lançado sem fazer muito barulho e durante todo esse tempo fez uma legião de fãs, reavivou um gênero e um grupo de artistas, fez renascer para as massas um dos ícones do rock/blues, o "GUITAR HERO". Refiro-me a "Texas Flood", primeiro disco de Stevie Ray Vaugham, produto de uma série de ajudas de diversos lados, de David Bowie, que viu o show de SRV no festival de Montreux em 1983 e chamou-o pra ser seu guitarrista, junto com Earl Slick e Carlos Alomar no seu "Let´s dance", até John Hammond Jr. , produtor que tinha em sua carreira, apenas o fato de ter sido o produtor de Billie Holyday, Countie Basie, Charlie Christian, Bob Dylan e Aretha Franklin, além de Jackson Browne, que emprestou seu estúdio para que SRV e seu Double Troble (Chris Layton na bateria e Tommy Shannon no baixo) pra fazer sua primeiras gravações, e o que seria uma demo virou o primeiro disco do guitarrista. Talvez daí venha o segredo do disco, numa época em que muita gente tinha achado que o caminho era redescobrir a pólvora, tocar "anti guitarras"(até hoje eu não sei que porra é essa!), descobrir a Jamaica e o Bronx sem ter passado por Chicago e Detroit; num único disco estavam Hendrix, Johnny winter, Isley Brothers, Buddy Guy.
Mais a vida na era tão linda assim, estamos falando de um disco de blues e não de um disco pop, com milhões de cartazes e camisetas pra promover. A falta de costume com aquele som, naquele momento pode ser ouvida e vista no DVD/CD "Live in montreux" onde a vaia no início de "Texas Flood" aconteceu porque naquele dia só tocaram artistas de blues acústico, e o público não tava preparado pra aquela enxurrada de eletricidade na cabeça.
O disco propriamente dito soa uma pouco estranho hoje, pois uma pessoa que goste de blues, mais tenha sido apresentado a ele via rock&roll, o que é o mais normal, vai sentir falta de peso, mais isso é fácil de explicar: Hammond teve receio dos estúdios na época, cheios de "geniais" engenheiros, e como ele não tinha grana pra colocar um Eddie Krammer na jogado, mexeu muito pouco no som da demo original. Mais vale a pena prestar atenção dos vários climas que o disco têm; o quase Elvis "Love Struck Baby", o soul blues "Mary Had A Little Lamb" (cover de Buddy Guy), e linda balada "Lenny". Daí partiu um aquecimento na carreira de vários guitarristas de blues elétrico, e fazendo gente como Gary Moore tomar coragem e dar uma guinada na carreira. Até hoje é disco de cabeceira de muita gente.

Lição!




O ano era 1986 e o mercado de discos dava pulos de alegria; o plano cruzado (não sabem o que foi isso? Vão conhecer história contemporânea do Brasil.) deixava as gravadoras de sorriso aberto, faltava até papel pra fazer as capas, discos eram prensados na Argentina, lançamentos inacreditáveis eram comprados em qualquer lojinha de esquina. Nesse ambiente, aparece por aqui a primeira das coleções comemorativas de 50 anos da Atlantic Records.

Atlantic Blues era uma série de 4 albuns duplos, com o que havia de mais influente no blues do pós guerra, apesar da Atlantic não ser uma gravadora de Chicago como a Chess records. Dividido de forma estilística ( Piano, Vocal, Guitarra e Chicago), suas capas internas(em português, uma raridade) tinham mais informações sobre o estilo do que havia disponível na imprensa musical brasileira em 10 anos. È bom que fique claro que não se trata de uma coletânea pra iniciar incautos, mais uma boa forma de juntar singles a muito tempo fora de catálogo, que muitas vezes eram a única produção fonográfica daquele artista. Há uma curiosidade engraçada sobre as versões em cd: todas tem músicas a menos, normalmente duas, pois os albuns tinham um pouco mais de 80 minutos, que é o tamanho de um compact disc, o que fez com que os lps originais se tornassem obrigatórios. Até por que, uma das minhas favoritas "It hurts love someone" de Guitar Slim, só aparece no disco duplo de vinil. È uma aula em cada faixa, dividida em 4 "módulos" de fino trato.