Claro Q é Iggy Pop

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por Sérgio 'Cebola' Martinez

Flaming Lips fez um grande show psicodélico. Sonic Youth um grande show de noise rock. Nine inch nails um grande show de iluminação, Good Charlote um grande show de merda. Mas foi o Iguana que fez o grande show de minha vida. Eu sabia que seriam os Stooges. Só não sabia que os Stooges ainda são Os Stooges. Os patetas ainda sangram, e deixam sangrar, pode-se dizer. Foi turbulento, violento e imprevisível. Parecia que o velho Iggy sempre esteve esperando por este retorno. O homem fez muitos discos legais, na sua fase solo, mas foi com os Stooges que ele fez os melhores, com Ron e Scott Asheton, no primeiro e no Fun House. 1969, Real Cool Time, 1970, I Wanna Be Your Dog, porrada atrás de porrada, numa sucessão de canções mais atuais e inovadoras do que 99,99% das grandes novas coisas fantásticas do momento. E olha que eu gosto de uma porrada destas coisas...Definitivamente, faz você pensar. Como uma banda surgida nos idos da década de 60 ainda soa tão...no ponto? E não parece com um "retorno". Dava a impressão eque foi só uma (longa) espera. Que os caras só estavam à espreita, observando, "tocaiando". E aí, chegou a hora do ataque final. Com tudo. Se este retorno é devido a fins não tão nobres, Deus todo poderoso abençoe os fins não tão nobres, porque se alguém, a alguns parcos anos atrás me dissesse que eu algum dia veria Stooges ao vivo, eu mandava pastar lá no nono círculo. Mas vi, ouvi e senti. Já vi três shows dos Stones, um deles com Bob Dylan, já vi Nirvana, Faith No More, Pixies, Teenage Fanclub, entre outros, mas esse foi uma coisa além. Não sei precisar exatamente o que, mas foi. Ron Asheton disparando seus riffs agoniados, hipnóticos, peso e violência. A banda afinada. Aquele saxofone psicótico se insinuando pelo meio da parede de som, elevando tudo à um "mantra" dos infernos, e Iggy, ah, esse tava possuído. Rastejando réptil pelo palco, encarando insano o público, mergulhando de cabeça na galera pra desespero dos seguranças e felicidade total dos fotógrafos, chamando o povo pra cima do palco, depois de mandar mtv e motorola, e quem mais estivesse no caminho, se fuder...demais, Iggy parece tomar uma descarga elétrica antes de adentrar o palco. Pouco antes dele assumir o front, consegui vê-lo no canto do palco, sozinho, pulando, pronto pro ataque.

Não sei quem poderia superar ou sequer igualar uma apresentação dessas. Certamente ninguém naquela noite. E vejam bem, o Flaming Lips fez um puta de um show, em todos os aspectos. Do som aos adereços ( e que adereços) foi um show perfeito, emocionante, empolgante, grandioso, psicodelia pop e arena rock no mesmo set. A cara de tocar Bohemian Rapsody do Queen e War Pigs do Sabbath ( só lembrava da galera daqui gritando waaaar pigeeeeessss até em show de polca húngara) no mesmo show é de respeitar. A interação com o público é total, a banda fez a gente rir, marmanjo chorar, banger bangear, e todo mundo viajar. Foi, para mim, o segundo grande show do festival. Good Charlotte (é assim q se escreve?) foi legal pra gurizada, mas insuportável para quem tinha mais de 13 aninhos. Fantômas foi, bem...mas que porra é aquela?! Bom, não entendi, quase ninguém entendeu, deixa pra lá. Acho que Mike Patton desbirocou de vez. Mas, vá lá, foi inusitado, pelo menos, freak total. Faz Frank Zappa parecer um Elton John mais pop, por aí. Sonic Youth fez um show legal, mas ainda estava sob o efeito da overdose sônica dos Stooges, e confesso que não me liguei muito não. Mas tocaram Teenage Riot, o que já valeu pelo show todo. Nine Inch Nails deveriam ser contratados pra fazer o som e iluminação de todo festival deste porte. Incrível a perfeição técnica do show dos caras, um espetáculo à parte. Quanto ao show em si, quem gosta disse que foi muito bom, incrível e tal, mas não é o meu caso. Já estava meio grogue, cansado e sem saco, mas até que fiquei até o fim, mas lá longe na área Bahia da chácara. A área Bahia já é uma história a parte. Aliás, existem vááárias histórias à parte nesta pequena e inesquecível visita à São Paulo, mas isso é assunto pra depois. De qualquer forma, agradeço aqui a Peu e Leão por me agüentar em seus respectivos recintos, e a Yara por não me deixar invadir apartamentos alheios ( porra, errar de apartamento vá lá, mas de prédio?!). Real cool time for everybody.