Townshend em ação, em 1964.
por M. Rodrigues
Felizmente o rock'n'roll não é o território privilegiado da 'eterna criança', embora muitos pensem o contrário. Também não é a trincheira avançada da bravata movida a testosterona e overdoses.
Embora contemple no seu leque generoso, boa parte das almas incapazes de lidar minimamente com as agruras do dia-a-dia, o bom rock'n'roll (procure por ai, ele existe) continua sendo sedutor, perigoso e tendo vida inteligente, desde que The Doors pisaram pela primeira vez num palco da costa leste americana.
É verdade que por aqui tem estado tudo mais difícil. Luz demais, 'transparence' demais, politicamente corretos demais, fragmentos demais e cegueira em excesso. Odes à pobreza (em todos os sentidos), à ignorância, a deselegância, à vulgaridade, à burrice, passaram a ser moedas-corrente. Diferença passou a ser palavrão, autoria virou terra-de-ninguém e 'gosto não se discute', o chavão na boca dos medíocres.
Além do mais, questões básicas: alguém precisa, urgentemente, contar por ai que pra tocar música de três acordes é preciso aprender mais do que três acordes. Que cara feia pode ser sintoma de fome; que piada contada duas vezes perde a graça; que os Red Hot Chili Peppers surgiram na década de oitenta (1983, pra ser mais exato) e que Pete Townshend quebrou a primeira guitarra, há mais de quarenta anos, por puro acidente.
Mas já é tempo. A roda gira, o Yin desce e o Yang sobe. A beleza será devolvida. Tirem as vendas dos olhos e larguem as muletas confortáveis. Hora de andar com as próprias pernas. Hora de se divertir de verdade. Chega de ser fake; o rock'n'roll tem seus próprios estatutos e senhas. Decifre-as ou seja devorado. Disneylândia fecha esta noite.
Felizmente o rock'n'roll não é o território privilegiado da 'eterna criança', embora muitos pensem o contrário. Também não é a trincheira avançada da bravata movida a testosterona e overdoses.
Embora contemple no seu leque generoso, boa parte das almas incapazes de lidar minimamente com as agruras do dia-a-dia, o bom rock'n'roll (procure por ai, ele existe) continua sendo sedutor, perigoso e tendo vida inteligente, desde que The Doors pisaram pela primeira vez num palco da costa leste americana.
É verdade que por aqui tem estado tudo mais difícil. Luz demais, 'transparence' demais, politicamente corretos demais, fragmentos demais e cegueira em excesso. Odes à pobreza (em todos os sentidos), à ignorância, a deselegância, à vulgaridade, à burrice, passaram a ser moedas-corrente. Diferença passou a ser palavrão, autoria virou terra-de-ninguém e 'gosto não se discute', o chavão na boca dos medíocres.
Além do mais, questões básicas: alguém precisa, urgentemente, contar por ai que pra tocar música de três acordes é preciso aprender mais do que três acordes. Que cara feia pode ser sintoma de fome; que piada contada duas vezes perde a graça; que os Red Hot Chili Peppers surgiram na década de oitenta (1983, pra ser mais exato) e que Pete Townshend quebrou a primeira guitarra, há mais de quarenta anos, por puro acidente.
Mas já é tempo. A roda gira, o Yin desce e o Yang sobe. A beleza será devolvida. Tirem as vendas dos olhos e larguem as muletas confortáveis. Hora de andar com as próprias pernas. Hora de se divertir de verdade. Chega de ser fake; o rock'n'roll tem seus próprios estatutos e senhas. Decifre-as ou seja devorado. Disneylândia fecha esta noite.
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ps. Permitam-me mais uma coisa; ouçam correndo o Ocean Colour Scene. Podem começar com o Moseley Shoals. Pra que tem uma conta UOL dá pra ouvir em streaming os discos Songs From the Row (best of) e Marchin' Already.