cds que você tem que ouvir antes de morrer
por Cláudio Moreira
Pode-se dizer milhões de coisas sobre o rock enquanto fenômeno cultural de massa, mas nada é mais certo do que afirmar que o que ele melhor fez mesmo foi servir como uma excelente válvula de escape. Não interessa o que venha acontecer daqui pra frente na história da música pop, mas enquanto existirem amantes do chamado rock pesado sempre se vai fazer reverência a bandas como o AC/DC. Na sua extensa discografia, existe altos e baixos, mas não se pode negar que entre seus cinco melhores trabalhos brilha o “Let there be rock”, editado em 1977. Nele, está a prova de fogo definitiva para os verdadeiros fãs do grupo.
Ali não existe meio termo. Ou se ama ou se odeia aquela eletricidade crua que corre em alta voltagem nas suas oito faixas. A abertura em “Go Down” não pede licença para estourar seus tímpanos com um riff porradão estilo Paul Kossof, só que de virote por duas noites. É hard rock em estado bruto sem lapidação. O bom humor de letrista de Bon Scott, um sábio popular pra lá de boêmio, aparece “Dog eat Dog”. Mundo cão esse, eu sei. Angus Young e sua inseparável Gibson SG honra o mestre Chuck Berry e não deixa pedra sobre pedra neste verdadeiro hino, que é a faixa-título. Simples, auto-referente e faiscando energia. Essa música encarna a essência estética-musical do AC/DC: um grupo de rock´n´roll com a alma lavada nos blues ligado na tomada da eletricidade do hard/boogie/heavy rock.
Cansou? Nâo desanime. Ouça “Bad Boy Boogie” e seus clichês de rebeldia na voz selvagem de Bon Scott, que tudo volta a fazer sentido como na adolescência rebelde mais pueril. “Problem Child” com seu andamento magnético não deixa nenhuma cabeça parada e retorna ao tema da canção anterior, mostrando o talento do cérebro da banda: Malcom Young e sua marcante guitarra base. “Overdose”, não desejo nem pra você e nem pra mim, mas é a dura verdade saindo da boca de Bon com a banda viajando num hard de cadência mais lenta. Bon, que sabia fazer uma noitada daquelas e escrever no dia seguinte uma letra legal sobre suas vivências, nos brindou também com “Hell ain´t bad place to be”, obrigatória até hoje nos shows da banda. A farra dos caras termina sem nenhuma cerimônia em “Whole lotta rosie” com sua letra sacana e suas paradinhas, que sempre levam a platéia a gritar o nome daquele eterno moleque danado: “Angus! Angus!”.
P.S.: Levante o traseiro correndo daí e vá comprar esse cd. Não tenha vergonha de ser um rocker de verdade. A perfeição na arte é uma meta que passa longe da farra do rock´n´roll. Deixe o rock rolar!!!