...ou: isso aqui é ou não é uma trincheira?
por Marcos Rodrigues
Acompanhar toda a recente polêmica, aqui no Clash City Rockers, em torno do post de Miguel Cordeiro me fez variar de estado de espírito que ia do indignado ao apático. Para quem não sabe do que estou falando é só dá uma olhada nos inacreditáveis comments que estão dois posts abaixo. Mas o que mais me chamou atenção, entre equívocos e comentários pertinentes (como diria o Bianchi), foi o incômodo provocado numa galera que não é do métier do rock'n'roll, mais especificamente nos que são simpatizantes da linguagem hegemônica nas rádios de Salvador nos últimos 20 anos. Algo de podre no reino da Dinamarca.
Mas, então. Desde que a comunicação se pulverizou pela net, seja em sites seja em blogs ou em lista de discussões, a possibilidade de escapar da imposição da programação única tem sido possível para os que tem acesso a internet. Dez por cento da população. Pouco ainda, mas não desprezível. E desde que o padrão mp3 e a banda larga passaram a se popularizar, há cerca de dois anos, o caminho ladeira abaixo dessa música de coronéis ganhou alguns empurrões a mais. Uma fatia considerável dessa abertura se deve também à chegada da MTV em canal aberto por aqui. Iniciativas como o programa e o blog Rock Loco e o Clash City Rockers vêm se somar à essa força tarefa.
A implosão da indústria fonográfica nos moldes tradicionais, como sabemos todos, é só questão de tempo. Agora chegou a vez do último bastião da mediocridade começar a ruir. Falo das rádios e das suas concessões indecentes. Estamos no meio de uma pequena grande revolução que vai deixar esses trambolhos limitados de frequência modulada com sua importância muito relativizada. O nome de mais esse pesadelo dos amantes de jabás e trocas de favore$ atende pela alcunha de PodCast, mas poderia também se chamar Webradio ou Audiocast. Âh?! O que é isso?!
Mais uma idéia simples que combina a experiência da autopublicação dos blogs com a linguagem RSS (que atualiza automaticamente as novidades diretamente no computador do usuário) e o download de músicas no formato digital. Não é mais preciso sintonizar umas estação de rádio nem aturar programações soporíferas para se ouvir o que quer. É fácil para quem ouve, é fácil para quem quer produzir conteúdo. Para fazer um podcast é preciso um microfone e um programa que permita gravar um arquivo de áudio em mp3 (Cubase, Soundforge, Audacity). Esse arquivo precisa ser hospedado em algum lugar, de preferência com grande capacidade de espaço e que permita um número grande de downloads. Soube que o Multiply (http://www.multiply.com/) está permitindo hospedar mp3. Oba!
Tudo começou quando Adam Curry, um ex-VJ da MTV norteamericana, resolveu que queria continuar fazendo rádio, mas de uma forma que permitisse maior liberdade, tanto ao autor quanto ao ouvinte. Juntou então a idéia do iPod (Apple) com a idéia dos blogs que utilizavam a linguagem RSS. Montou uma versão beta da coisa e colocou na net com o código aberto para que outros pudessem aperfeiçoar (no melhor estilo Linux). A idéia cresceu rapidamente e depois de um ano Adam fechou contrato com uma rádio digital, a Sirius Satellite e colocou no ar seu programa diário, com quatro horas de duração, o Adam Curry’s Podshow.
A novidade chamou atenção de peixes grandes como Evan Williams, criador do Blogger, que está testando o seu Odeo (http://www.odeo.com/). Na verdade, um servidor para encontrar e publicar conteúdo de áudio. Oba! No momento só é possível fazer uma inscrição e esperar para quando o projeto sair da versão Beta. A Clash City Radio vem ai!
Para quem quiser entender mais desse babado novo (hehehe) e nos ajudar a todos a pipocar conteúdo de qualidade em lingua portuguesa, dá pra ir fuçando na net. No Orkut tem várias comunidades brasileiras sobre o assunto onde é possível encontrar tutoriais e links diversos. Ou seja; macacada, seremos impiedosos. Arrependei-vos enquanto é tempo. Disneylândia fecha (mais uma vez) esta noite.