Warhol, WaRHol, WArhOl

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Self portrait

por Marcos Rodrigues

In the future everyone will be famous for fifteen minutes. Provavelmente muitos dos que lêem o Clash City Rockers conhecem essa frase e também o seu autor, Andy Warhol. Misto de artista plástico e agitador cultural, foi mais uma das personalidades que ajudaram a moldar uma das faces do mundo contemporâneo que ainda valem à pena.

Andy Warhol, nascido Andrew Warhola em 1928, em Pittsburgh, Estados Unidos. Filho de imigrantes checos que fugiram da primeira guerra para a América. Estudou no célebre Instituto de Tecnologia Carnegie, atualmente Carnegie Melon University, de onde saiu direto, em 1949, para viver como ilustrador publicitário em New York. Trabalhou em importantes revistas de moda como Glamour, Vogue e Harper's Bazaar, onde começou a desenvolver sua particular visão sobre a sociedade de consumo norteamericana e de onde extraiu os ícones que tornaram sua obra relevante. Justamente a perspicácia de perceber que latas de sopas Campbell's e divas de Hollywood, como Marylin Monroe, se equivaliam enquanto produtos postos em circulação.

Quase ao mesmo tempo que artistas britânicos, como Richard Hamilton e Peter Blake, e sem ter contato com eles, Warhol estava - ao contrário da geração modernista anterior - exacerbando em suas telas a base de serigrafia, toda a opulência dos anos refrigerados. Uma atitude que, ao invés do confronto, optava pelo cinismo, num movimento sem manifestos que veio a ser conhecido naquela segunda metade dos anos sessenta como Pop Art.

As obras de Warhol, baseadas em séries repetidas, dialogavam diretamente com a publicidade capitalista, expondo sem piedade produtos industrializados e 'celebrities' numa mesma dimensão sem profundidade. Imagens chapadas, prontas para a repetição e distribuição. Não por outro motivo, colocou o nome do seu atelier The Factory e ali, com ajudantes, pretendia ter uma espécie de linha de montagem de arte contemporânea e ponto de efervescência do jet set novaiorquino. Prontos para o consumo: Maos, Marylins, Elvis, Ches, Jacquelines e, inclusive, sua própria imagem em famosos autoretratos.

Sim, Warhol também apadrinhou aquela banda que falava, em plena era Flower Power, de um lado barra pesada da Grande Maçã. Travestis, prostitutas, drogados e couro preto eram coisas que definitivamente o interessavam. Algo de excitante e perigoso que o Velvet Underground tinha em estado bruto. Com Sterling Morrison, Maureen Tucker, John Cale e Lou Reed, Warhol produziu o espetáculo multimídia Exploding Plastic Inevitable, desenhou a famosa capa da banana para o disco Velvet Underground & Nico (ninfeta descoberta por ele) e forneceu capital simbólico suficiente para a banda circular no meio que importava e nas festas certas, entre ricos desbundados e pobres descolados.

A contribuição da Pop Art com o rock'n'roll, aliás, merece um texto à parte. Peter Blake desenhou a capa do album Sgt.Peppers Lonely Hearts Club Band, dos Beatles e Richard Hamilton fez a capa do Album Branco. Os caras do The Who eram fãs assumidos das pinturas de Blake e Pete Townshend andava com uma jaqueta cheia de bottons e targets, numa clara alusão a um autoretrato do artista. O próprio Warhol desenhou ainda a polêmica capa do Sticky Fingers, album de 1971 dos Stones.

Andy Warhol filmou ainda alguns curtas, dos quais o mais famoso deva ser Chelsea Girls, de 1966; criou uma revista, Interview; tomou um tiro, em 1968, em plena Factory, de uma ativista maluca chamada Valerie Solanas; apoiou jovens artistas, como Basquiat e fez, perto do fim da vida, programas para a tv, inclusive para a MTV norteamericana.

Morreu em 1987, no dia seguinte a uma cirurgia de vesícula. Ganhou, logo depois, de dois dos seus apadrinhados, Lou Reed e John Cale, uma bela homenagem em forma de canções no album Songs For Drella. Somente guitarra, voz e piano.

No futuro todos serão famosos por quinze minutos. Warhol compreendeu a emergência e a efemeridade do mundo que se desenhava e foi um dos seus mais contundentes cronistas. A sua arte, bem como os estilhaços da melhor Pop Art, ainda nos ajudam a caminhar por esta selva de simulacros. O resto é silêncio politicamente correto.
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http://www.warhol.org/